[SEM_ÁUDIO] Olá. Sejam todos bem-vindos ao nosso curso 'O Empreendedorismo e as Competências do Empreendedor'. Esse é o nosso conteúdo que vai tratar especificamente das competências de inovação. Vamos percorrer o nosso caminho pelas ideias e práticas de inovação, passando pelos pontos de aspectos que são mais gerais até chegarmos ao ponto que vamos olhar mais de perto uma situação bem concreta. Esta situação concreta vai nos dar exemplos para entendermos mais a inovação e vocês verão que está bastante próxima da experiência do nosso curso. Uma maneira interessante de iniciarmos nossa jornada sobre a inovação é procurarmos entender quais são alguns fundamentos que são muito influentes quando o assunto é inovação, ou as competências de inovação. São fundamentos que ajudam a caracterizar melhor as inovações, definindo alguns tipos de inovação e apresentando alguns exemplos que ajudam a ilustrar melhor o que estamos trabalhando. Desses fundamentos para quem quer entender e praticar mais inovação, foi desenvolvido por Joseph Schumpeter, dos estudiosos mais influentes da inovação. Schumpeter exerce grande impacto tanto na área acadêmica, quanto na difusão dos conceitos e práticas sobre a inovação desde a primeira metade do século 20. Para esse fundamento baseado na visão desses estudioso, o empreendedor tem papel chave para a inovação. O empreendedor é, principalmente, o veículo das inovações. É o canal que vai fazer com que as mudanças trazidas pelas inovações sejam realizadas. É o empreendedor e empreendedorismo que serão os grandes responsáveis por criarem e difundirem essas inovações na economia. Então nesse contexto, as inovações são entendidas principalmente como conjunto de novas maneiras de combinar os mais variados recursos. Teríamos então cinco tipos diferentes de inovações. O primeiro tipo, são as inovações de produtos. O segundo tipo são as inovações de processos. O terceiro, refere-se a abertura de novos mercados. O quarto tipo são as inovações que são novas frentes de oferta de matérias-primas. E o último e quinto tipo são novas estruturas de mercado como, por exemplo, a criação de uma situação de monopólio para uma empresa. Vamos destacar alguns desses cinco tipos, começando pelas inovações de produtos e processos. As inovações de produto e de processo são importantes porque é nos produtos e nos processos onde vão ocorrer as mais importantes inovações tecnológicas. É claro que podem existir melhorias tecnológicas relacionadas a novas fontes de recursos naturais, como por exemplo, o aproveitamento da energia solar. Quando hoje nós verificamos uma corrida pela criação de novas energias sustentáveis, a utilização da energia solar é caso típico onde novas fontes de recursos naturais ajudam a criar inovações tecnológicas mais sustentáveis. Mas para que ocorram as inovações tecnológicas produtos e processos, várias mudanças tecnológicas vão atuar dois níveis. Ou essas mudanças tecnológicas são capazes de criar bens, serviços e processos totalmente novos, ou essas mudanças tecnológicas podem melhorar de maneira significativa produto ou processo já existente. Mas o mais importante é que nos dois casos só vai haver inovação se houver mercados para os novos produtos ou processos. Ou seja, os novos produtos e processos têm que ser introduzidos e implementados nos seus respectivos mercados para que sejam consideradas inovações de fato. Se as mudanças tecnológicas ocorrerem, mas não houver mercado de fato para o produto ou para o processo, temos apenas uma invenção científica e tecnológica, que não configura uma inovação tecnológica do ponto de vista econômico. Outras inovações que quase sempre complementam as inovações de produtos e processos são as inovações organizacionais e as inovações de marketing. Uma inovação organizacional é a implementação de novas técnicas de gestão, ou mudanças consideráveis na organização do trabalho, ou ainda uma inovação organizacional pode acontecer quando há mudanças nas relações externas da empresa. Uma inovação de marketing é a implementação de novas estratégias ou conceitos de marketing. Ou ainda, uma inovação de marketing pode acontecer através de mudanças significativas na estética, no desenho, ou na embalagem dos produtos sem que haja mudanças nas suas características funcionais e de uso. Da mesma forma que acontece com as inovações de produto e processo, se algumas dessas mudanças nas áreas de marketing e gestão organizacional não forem implementadas de fato pelas empresas interessadas praticar essas mudanças, não haverá rigorosamente nem inovação marketing, nem inovação organizacional. Se pensarmos termos do impacto das inovações, quanto mais mudanças descontínuas de radicais as inovações trouxerem para a economia e para a sociedade, maiores serão os impactos gerados. Todas as grandes inovações que conhecemos e que trouxeram mudanças significativas podem ser consideradas descontínuas. Dentre as quais podemos citar os antibióticos na indústria farmacêutica, o telefone na indústria de comunicações, o computador pessoal na informática, o automóvel na indústria automobilística e o formato MP3 da música digital, no caso da indústria cultural. Reparem no tamanho do impacto das inovações relacionadas a esses exemplos, no enquanto a vida das pessoas e as empresas foram alteradas pelos efeitos dessas inovações radicais. Essas inovações são responsáveis também por trazer novas eras e novos períodos econômicos bastante diferentes dos períodos antecedidos, exatamente porque tem poder de transformação e de mudança muito grande. Essas grandes mudanças ocorrem principalmente nos mercados, nas empresas, nas formas de consumo e nas formas de se trabalhar. Reparem também que todos esses exemplos de inovações descontínuas tem mercados gigantescos. São inovações que tiveram uma grande capacidade de se difundir por praticamente todos os países e de fato criar impacto significativo na economia e na sociedade como todo. Essas inovações radicais ou descontínuas são geral a base para o surgimento de outro tipo de inovação que são as inovações incrementais. As inovações incrementais são adições de funcionalidades de melhorias e de mudanças que não alteram significativamente o produto ou o serviço si, mas nem por esse motivo as inovações incrementais deixam de ser importantes. Nos nossos exemplos das inovações radicais, podemos pensar algumas inovações incrementais que relacionadas a essas inovações. Por exemplo, o processo de personalização do uso de medicamentos que ocorre quando a engenharia genética consegue indicar precisamente quais tipos de medicamentos servem individualmente a cada paciente, é uma inovação incremental. Essa inovação incremental pode tornar os medicamentos mais eficazes. Outro exemplo de inovação incremental é o processo de streaming de música, que se integrou ao formato MP3, melhorou muito a distribuição e o consumo da música formato digital. O carro também apresenta várias inovações incrementais. Todas as tecnologias eletrônicas embarcadas nos automóveis são exemplos de inovações incrementais que tornaram o automóvel e a experiência de dirigir muitas vezes mais segura, mais eficiente e até mais divertida. Depois de termos uma visão panorâmica de alguns dos principais tipos de inovação, será que podemos pensar algumas tendências atuais no campo das inovações? Será que podemos entender melhor algumas inovações que estão ocorrendo se procurarmos algumas dessas tendências mais gerais? Vamos destacar duas tendências, a inovação aberta e os processos que estão fazendo com que cada vez mais a inovação seja realizada de maneira distribuída e orientada pelo usuário e pelo cliente. A tendência da inovação aberta é uma forma de entender o processo de inovação como processo mais amplo, menos focalizado nos aspectos internos das empresas que inovam. Os conceitos e as práticas da inovação aberta foram criados originalmente para explicar como os processos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico das empresas podem ser ampliados para considerar o maior número possível de sinergias econômicas, tecnológicas e organizacionais que podem ocorrer entre a empresa e seus parceiros de negócios. Ou seja, para o modelo de negócio da empresa e para as estratégias das empresas é necessário estruturar e sistematizar as relações com os parceiros externos que ajudam na viabilizar o processo de inovação. Na prática, as empresas que inovam com uso de pesquisa e desenvolvimento tem que estar mais abertas a novas oportunidades de negócios com parceiros externos. E mais importante, as empresas têm que criar competências específicas para explorar essas interações com parceiros de maneira sistemática e organizada. O importante é não se ater a uma estratégia que acredita que as empresas podem inovar sozinhas e de maneira fechada. Suma, a inovação aberta valoriza o fato de que a inovação não deve depender somente da P&D interna, ou de fontes internas de conhecimento. A inovação precisa ser praticada através de conjunto amplo de transações e interações da empresa com o conhecimento e com os mercados, o que exige capacidade de colaboração e desenvolvimento organizado de parcerias. Assim, mesmo que o modelo de inovação aberta tenha sido pensado para a inovação que depende muito da P&D para ser gerada, a importância do relacionamento e da interação com parceiros externos pode ser generalizada para todas as empresas inovadoras que utilizam ou não intensamente a P&D. Outra tendência mais recente da inovação é o modelo que poderia ser chamado de modelo de inovação distribuída e centralizada no usuário e no cliente. Você pode conferir também no módulo dedicado às competências de gestão tratamento específico a esse tipo de tendência, quando são tratadas as práticas de gestão do processo empreendedor. Esse modelo difere dos modelos mais tradicionais de inovação que a geração e o desenvolvimento da inovação estão muito concentrados na empresa produtora do bem ou do serviço inovador. Não se trata apenas de considerar que isso só ocorra com empresas que já sabem trabalhar melhor os seus relacionamentos com clientes e usuários. Com a difusão das tecnologias de interação, como as mídias e as redes sociais, as empresas estão caminhando para atuarem cada vez mais interação direta com os seus clientes, consumidores e usuários. Ainda que muitas situações essa interação ocorra de maneira pouco espontânea pouco forçada para algumas empresas, principalmente para as empresas que não estão preparadas para este tipo de desafio, essa é uma tendência que atinge as empresas que atendem tanto os consumidores finais, quanto as empresas que vendem produtos e serviços para outras empresas.