[MÚSICA] [MÚSICA] No módulo anterior nós vimos alguns paradigmas que são levantados quando falamos sobre videogames. Da mesma forma que os paradigmas da arte, os modelos existentes para delinear as questões pertinentes aos jogos também estão desmoronando. Pouco a pouco, com o passar do tempo, antigas convicções são questionadas, repensadas. Nesse módulo veremos que o videogame é meio potencial para o rompimento de fronteiras, sejam elas encontradas no contexto social, acadêmico ou conceptual. No primeiro vídeo desse módulo vamos entender pouco melhor o papel dos jogos de videogame na sociedade. Anteriormente tivemos a visão da questão social associada aos jogos de modo geral, fossem eles analógicos ou digitais. Agora focaremos mais nos games propriamente ditos. Já vimos que jogo bem equilibrado propõe ambiente idealizado onde inicialmente todos os jogadores têm as mesmas chances de vender. Partindo para o âmbito social, o game designer e pesquisador Gonzalo Frasca fez alguns questionamentos bastante semelhantes aos que estamos nos acostumando a ver entre os desenvolvedores e jogadores brasileiros recentemente. [MÚSICA] [MÚSICA] Será que é possível criarmos videogames que lidem com questões políticas e sociais? Videogames podem ser utilizados como ferramenta para encorajar o raciocínio crítico. Bom, essas dúvidas foram levantadas num texto de Frasca à cerca de 10 anos. mas parecem continuar nos assolando. Especialmente quando precisamos defender o potencial dos videogames enquanto mídia para os não jogadores. Quem joga videogames está familiarizado encontrar dilemas éticos nas narrativas e costuma fazer exercício do raciocínio crítico diante da mídia. Porém é comum que os videogames sejam vistos com cepticismo por aqueles que ainda não experimentaram real engajamento. Quando foi publicado o texto de Frasca, ele defendia que a metologia para se criar games mais direcionados às temáticas sociais deveria partir de game designer não aristotélico. Ou seja para o autor a aproximação que é causada pelo engajamento com a narrativa e a poética atrapalharia distanciamento crítico necessário para se analisar a situação proposta. Por outro lado podemos considerar que esse engajamento proporcionado de maneira intensa pelos videogames narrativos seria justamente o catalisador necessário ao exercício da empatia. Cabe ao game designer considerar essas duas situações e determinar qual delas é mais interessante para a experiência que será transmitida através do objeto que está criando. Qual dessas propostas fará com que seus objetivos seja bem sucedidos? Resposta ao texto de Frasca, a antropóloga Mizuki Ito comentou na época a respeito de uma chamada para a ação que questiona os papéis economicamente delineados dos jogadores e dos produtores, da esfera privada e da pública, do comercial e do não comercial. Naquele momento essa chamada para a ação envolvia o domínio de conhecimentos dominados apenas por programadores e desenvolvedores de software. Atualmente esse cenário mudou bastante, existe uma gama de ferramentas facilitadas para a criação de jogos, algumas criadas sob os preceitos do software livre e outras com opções de licenças gratuitas básicas. Os limites entre criadores e consumidores passaram a se tornar mais difusos. Essas ferramentas democratizam o papel do produtor de conteúdos alternativos. É interessante que, mais ou menos no mesmo período dessa discussão, no ano de 2004, a organização Games for Change foi fundada. [MÚSICA] Seu propósito era, e continua sendo até hoje, o de facilitar a criação e distribuição de games com impacto social que sirvam de ferramentas nos esforços de uma educação humanitária. Ou seja, essa organização se dispõe a impulsionar o entretenimento e o engajamento para o bem das causas sociais. No acervo do site internacional constam mais 130 games que vão de temas como economia e educação, até direitos humanos e gênero. Vale a pena conferir. No próximo vídeo veremos como a arte pode se inserir no universo dos videogames e como os videogames podem permear e modificar a própria arte. [MÚSICA] [MÚSICA] [SEM ÁUDIO]